top of page
Emoções acidentais (1).png

Como o nosso estado emocional afecta a nossa capacidade de confiar.

É sabido que o nosso estado emocional afecta o modo como nos relacionamos com os outros. Quando estamos de bom humor tendemos a ver tudo com lentes de bem-estar e alegria. Quando estamos de mau humor as lentes escurecem e a forma como tratamos os outros também. E será que estados emocionais desagradáveis podem tornar-nos mais desconfiados?

De acordo com um novo estudo, realizado por uma equipa de pesquisadores internacional da Universidade de Zurique (UZH) e da Universidade de Amsterdão (UvA) e publicado em Março deste ano no Science Advances, a resposta é sim!

As emoções desagradáveis reduzem o quanto confiamos nos outros, mesmo que essas emoções tenham sido desencadeadas por eventos que nada têm a ver com a pessoa com que estamos a interagir.

O que o estudo revelou sobre este tipo de emoções, desencadeadas por eventos que não estão relacionados com a nossa interacção social do momento, e às quais os pesquisadores chamaram de "acidentais", é que elas ocorrem frequentemente no nosso dia-a-dia, embora não tenhamos consciência delas por a maior parte do tempo estarmos a viver em modo “piloto automático”.

Emoções desagradáveis eliminam a confiança

Os cientistas investigaram se emoções acidentais desagradáveis podem influenciar o comportamento de confiança e as redes cerebrais relevantes que desencadeiam a cognição social.

Os participantes quando sujeitos a uma experiência desagradável, a ameaça de um pequeno choque eléctrico, que era dado só algumas vezes, demonstraram que a ameaça induziu a uma ansiedade antecipada. Depois de induzido este estado emocional, os participantes jogaram um jogo de confiança, envolvendo decisões sobre quanto dinheiro eles desejavam investir num estranho, tendo o estranho a possibilidade de pagar o investimento em espécie ou em dinheiro.

Os resultados mostraram que os participantes confiavam significativamente menos quando estavam ansiosos pela ameaça de receberem um choque, não tendo a ameaça nada a ver com a decisão de confiar.

A ligação e a actividade e cerebral são interrompidas

No estudo também foram registadas as respostas cerebrais dos participantes, através de imagens de ressonância magnética, enquanto tinham de tomar a decisão de confiar ou não.

As imagens revelaram que a junção temporoparietal, na região do cérebro que está amplamente implicada na compreensão das crenças nos outros e outras importantes regiões do cérebro ligadas à cognição social, foi significativamente interrompida, durante a tomada de decisão sobre confiar quando os participantes se sentiam ameaçados, mas não quando se sentiam seguros. A ligação entre a junção temporoparietal e a amígdala também foi significativamente interrompidas pela emoção desagradável.

Estes resultados mostram que as emoções desagradáveis negativas podem afectar significativamente as interacções sociais e, especificamente, o quanto confiamos nos outros, explicam os autores Jan Engelmann e Christian Ruff.

As emoções desagradáveis, mesmo sendo acidentais, ao desligarem o nosso sistema cognitivo neural associado ao comportamento social, têm grande influência na forma como tomamos decisões, podendo induzir-nos a escolhas predominantemente dominadas pelo sistema límbico tendo consequências importantes sobre como nos relacionamos e confiamos nos outros.

Tradução livre e adaptada do artigo feita por Sara Ribeiro:

https://advances.sciencemag.org/content/5/3/eaau3413

 

Crianças felizes

7 Passos para superar emoções acidentais por Sara Ribeiro:

1) Identifique com clareza a experiência desagradável;

2) Nomeie a emoção ou emoções sentidas;

3) Reconheça a ameaça como um elemento externo à pessoa com quem está a interargir;

4) Faça três respirações profundas, centrando a sua atenção do coração;

5) Pense em algo que lhe traga uma sensação de segurança, pessoa, animal de estimação ou local e sinta essa sensação no coração;

6) A partir do coração, expanda essa sensação de segurança para todo o corpo.

7) Permaneça neste estado durante uns minuto. Em seguida, faça mais uma respiração profunda e prossiga o seu dia.

bottom of page